COLUNA RAFFA FUSTAGNO - O HARÉM DE KADAFI

21 maio 2013

Título original: Les Proies- dans le harem de Kadhafi
Título no Brasil : O harém de Kadafi
Autora: Annick Cojean
Editora: Verus
Número de páginas: 235







A impressão que tive ao ler essa livro é a de que por anos eu existo, uma coisa horrível acontecia em outro país e eu não fazia a menor ideia. " O harém de Kadafi" é um soco no estômago, porque tudo ali é real, foi vivido e muitas coisas há bem pouco tempo.
A visão que eu sempre tive da Líbia era de muito pouca informação do país, sabia que existia Muamar Kadafi mas nem sequer poderia imaginar o quão sádico ele era. 

O livro conta a história de algumas mulheres que cercavam o ditador durante os mais de 40 anos queo  beduíno ficou no poder, leia-se mais 40 anos de muitas maldades, coisas tão espantosas que parecem ter saído da mente de um escritor doentio...mas infelizmente foram verdade.

A jornalista francesa do Le Monde Annick Cojean começa contando um pouco de sua relação com a Líbia, de como chegou até Soraya, a menina que conta boa parte da história do livro.

Soraya, é filha de um líbio com uma tunisiana, vivendo em um país cheio de regras onde nada era permitido e tudo não era bem visto aos olhos de Deus ( ou Alá) ela vive uma vida simples entre o salão de sua mãe e sua escola. Até que um dia ela é escolhida para entregar flores ao presidente, ou melhor, o ditador Muamar Kadaki. Ao vê-la, ele encosta em seus cabelos, alisando sua cabeça, o que ela mal sabia é que aquele gesto era o que o " Guia" como era conhecido, usava para escolher suas presas, suas escravas sexuais , e ela só tinha 15 anos.
Antes do beijo na boca, da primeira vez com quem se ama...Soraya teve tudo isso roubado pelo ditador que a desvirginou, e constantemente a estuprava. A vida dela acabava ali. Ela poucas vezes voltou a ver seus pais e começou a viver na residência de Kadafi junto com várias outras meninas que também se submetiam as mesmas coisas.
Kadafi as fazia beber, cheirar cocaína e ainda urinava nelas.
Mordeu tanto os seios de Soraya que ela teve problemas com eles.
Tudo narrado é tão estarrecedor quanto nojento e só nos perguntamos como tanta gente podia saber e nada fez? Medo? nada justificava que alguém tivesse tanto poder para maldades como esse ser.
Impotente diante de tudo isso, Soraya narra tudo de uma forma que nos deixa inquieto com tanto horror vivido por uma pessoa só. 
Ela ainda consegue fugir por um tempo mas volta para as mãos de Kadafi que obcecado com suas meninas que também viram suas guardas em viagens oficiais ele não lhes permite mais a liberdade depois do que vivem. O que fiquei esperando é que uma delas se matasse, como conseguiram aguentar tanta dor?
O louco ditador que deve estar agora no lugar da onde nunca devia ter saído : o inferno, parecia não poupar nada ou ninguém, até a esposa de seus oficiais, as filhas e homens ele queria. Um tarado , viciado em cocaína e Viagra e com uma corja de pessoas más lhe apoiando.
Tive pena das meninas, desse país e de qualquer pessoa que passou nas mãos desse monstro cheio de botox.
Um livro extremamente forte, onde a realidade faz com que ele seja um tapa na cara da sociedade e em tudo que achamos até agora.

11 comentários

Mari disse...

Vi esse livro no outro dia na Saraiva e quase comprei. Não tenho certeza se estou num bom momento pra ler algo forte assim, mas, como você disse, são relatos dolorosos mas necessários. Infelizmente esse tipo de horror ainda faz parte da realidade de muitas mulheres pelo mundo e é socialmente aceito em vários meios, onde nada é mais natural do que a mulher ser vista como uma propriedade masculina.

Parabéns pela resenha!
Beijo

http://.livrosouniversoetudomais.blogspot.com

Laganowski disse...

Olha só... Claro que é um livro forte, mas muito interessante e esclarecedor. Só pela sua resenha podemos perceber o quanto somos felizes e temos de tudo... Isso desperta outro sentimento, o da pena, da dor e da impotência... Porque esse cretino está morto e se Deus existe, eu acredito que sim, ele está no inferno, como vc mesma disse de onde nunca devia ter saído. Porém quantos mais iguais ou pior que esse Kadafi existem por aí? Me sinto culpada por nada fazer, me sinto mal nessas horas por ter tantas coisas pessoas inocentes vivenciam essas coisas. Leria sim o livro e acho que todos deviam ler para se conscientizarem. Porque pelo menos podemos dar valor as coisas que o Brasil tem, as coisas que temos em casa... E poder fazer pelo próximo, no dia a dia o mínimo que pudermos para ajudar. Deu pra perceber sua revolta e sua emoção na resenha! Excelente!

Adriana disse...

É revoltante saber que existem pessoas no mundo como o Kadafi...meu Deus! Eu imagino a dificuldade que foi pra voce ler esse livro intenso, cheio de coisas horriveis, pretendo ler esse livro também, mas num outro momento, acho que ser le-lo agora, entro facinho em depressão, parabéns pela resenha Raffa, voce conseguiu nos passar toda a verdade nua e crua desse livro, bjooo!

Raffafust disse...

Mari

Quando li esse livro eu respirava fundo e depois continuava, senti nojo muitas partes, tem qeu ter estômago para ler mesmo.
E é mesmo uma pena sabermos que ainda tem muita gente que aceita td isso calado

Beijos e obrigada pelo comentário

Raffafust disse...

Gabi

Me senti assim tb, cada vez que leio essas coisas me sinto impotente e isso é péssimo, pior, como citei é ser alienada, como assim eu não sabia de nada disso?
Obrigada pelo comentário <3!
Beijos

Raffafust disse...

Oi Dri

É muito forte mesmo, vc para, pensa e volta a ler e se revolta, porque afinal sabemos que a história é verídica e aconteceu há bem pouco tempo...como pode o mundo permitir né?
Obrigada pelo comentário
Beijos

Camila Leite disse...

Eu fico indignada com esse tipo de história que só vem à tona depois que acontece. Ontem estava assistindo alguns documentários no curso sobre o Holocausto e fiquei me perguntando onde estava todo o resto da população, os bilhões de pessoas que não fizeram nada para impedir as atrocidades nos campos de concentração. Eu não conheço a história de Kadafi e geralmente livro assim me dá tanta náusea que tenho vontade de parar na metade e jogá-lo em uma fogueira. Mas livros desse tipo são fundamentais para que possamos abrir os olhos e esperar qualquer coisa de qualquer um.
Adorei a resenha Raffa, foi a primeira que li do livro.
Abraços

Camila Leite
@sonhospontinhos
http://sonhosentrepontinhos.com

Jaqueline Alves disse...

Oi Raffa, eu gosto muito de documentários, saber as histórias marcantes das outras pessoas, nos faz refletir, vemos que o que passamos é pouco diante dessas histórias tão marcantes e tristes, quantas mulheres ainda vivem essa situação, sempre vemos no noticiário casos de violência e estupro na Índia e os países que podem ajudar não fazem nada. É revoltante, essas mulheres estão marcadas para sempre, com feridas profundas na alma, espero que um dia se cure, se é que isso é possível.
Bjs e ótima resenha!!!

Raffafust disse...

Milla

Eu tb fico amiga, é algo tão surreal saber que existia e que ainda deve existir que a sensação que tenho é de nojo e impotência. O livro é ótimo, forte mas ainda assim necessário para vermos o como esse louco já devia ter sido morto a mais tempo.

Bjos e obrigada pelo comentário

Raffafust disse...

Oi Jaque

Eu amo ler histórias verídicas , mesmo as fortes, porque além de aprendermos sobre um país também despertamos para problemas que nem ousamos imaginar, ou pelo menos não nessa intensidade
Obrigada pelo seu comentário

Beijos

Lygia Netto disse...

Nossa, Raffa, deu pra sentir toda sua indignação através da resenha...mas vc tá certa...quem não se indignaria com os feitos desse monstro?

Só acho que deve ser perturbardor para a jornalista pegar os relatos das meninas..tenso!

Beijos!

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