Jane Harvey-Berrick é conhecida no Brasil pelos livros A Educação de Caroline e A Educação de Sebastian, ambos publicados pela editora Novo Século. Agora, com seu novo livro - Battle Scars - chegando às livrarias gringas, ela nos presenteia com uma trama cheia de paixão e desencontros. Venha conferir com a gente um trecho da história da jornalista MJ Buckman e do sargento Jackson Connor.
Das empoeiradas planícies do Afeganistão para os lustrosos corredores do The New York Times, a jornalista MJ Buckman busca a verdade, somente a verdade, nada mais do que a verdade. O que ela não espera é encontrar um homem que é totalmente o seu oposto... e que se encaixa perfeitamente.O sargento da Marinha, Jackson Connor sabe que relacionamentos não funcionam com militares. Ele é prova viva disso. Mas quando uma sedutora mulher de olhar firme, vestindo um colete à prova de balas e carregando sua causa moral bem à sua frente cruza seu caminho, ele fica furioso, curioso e cheio de desejo.* * *Um romance adulto sobre duas pessoas que não buscam pelo amor, mas percebem o quão precioso é quando o encontram. Eles não jogam joguinhos e não há nenhum mal-entendido, apenas a vida em seu caminho.Eles poderiam se envolver? E como seria isso em um relacionamento entre duas pessoas ambiciosas?Trabalho x combate.Eles estão sempre viajando em direções diferentes. Que relacionamento pode sobreviver a isso?
Uma geração inteira crescia conhecendo só o desespero, a morte e a destruição. Como haveria paz se as crianças eram encorajadas a carregar armas? Como a vida voltaria ao normal se essas crianças nunca a viveu? O problema parecia enorme, difícil, impossível demais para ser resolvido.
Agora estávamos sofrendo os efeitos produzidos por vidas que eram vividas no ódio. Médicos e enfermeiras trabalhavam com um intenso desapego enquanto tentavam fazer a triagem de milhares de pessoas de uma só vez. Caos era uma palavra muito educada para tudo o que eu testemunhei.
"Posso ajudar?" eu perguntei, a enfermeira passando apressada.
Ela levantou os ombros impotente, apontou para uma adolescente que tinha uma ferida na perna, uma poça vívida de sangue ao seu redor.
"Faça pressão," ela gritou enquanto corria em direção a uma criança com as roupas negras de sangue.
"E depois?" eu gritei para ela.
"Reze!" ela gritou sobre os ombros.
Eu me virei para a garota cujos olhos escuros me observavam sem emoção. Ela tinha apertado o vestido, pressionando-o contra a ferida enquanto o sangue encharcava a areia ao nosso redor. Eu comprimi sua perna, tentando não sufocar quando o sangue escorreu pelos meus dedos.
Ao meu redor, pessoas estavam chorando e suplicando por ajuda, a maioria jovem, tão jovem. Eu soube que mais da metade dos refugiados deste campo eram crianças, mas vê-los assim...
Continuei com a garota, impotente para fazer qualquer coisa exceto pressionar a ferida que não parava de sangrar. Eu comprimia e comprimia, conversava com ela — trivialidades sem noção que nada significavam, coisas importantes que significavam tudo. Eu contei sobre Jackson. Contei tudo sobre o homem que invadiu minha vida, seu olhos em chama. Contei sobre minhas expectativas e medos, e quando disse tudo o que podia pensar, eu orei, recitei versículos da Bíblia que ouvi pela última vez no enterro de meu pai.
Ela não me entendia, é claro, mas talvez pudesse entender o tom. Talvez soubesse que eu estava orando por ela. E finalmente o fluxo de sangue diminuiu e eu parei de falar. Não havia mais nada a ser dito porque a garota estava morta, seus olhos negros abertos e acusatórios. E o que eu poderia fazer? Eu não era médica, não era enfermeira. Não era nem mesmo batalhadora. Tudo o que consegui fazer foi escrever sobre o que vi e ouvi, tudo o que foi dito e feito, e esperei que alguém se importasse. Talvez alguém que se importasse o suficiente para ajudar a acabar com aquela loucura. Mas quando o ódio era sua marca de nascença, a esperança parece ficar muito longe, e me perguntei se Deus havia ouvido minhas preces.
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