Resenha: On the Way to You, Kandi Steiner

17 novembro 2017

Contém spoiler.


O que te faz feliz?

Essa foi a pergunta que Emery Reed me fez no dia em que nos conhecemos, e eu não consegui lhe dar uma única resposta. Eu poderia ter dito meu cachorro, ou meus livros, ou yoga — mas eu simplesmente o encarei.

E então entrei em seu carro.

Era loucura pegar a estrada com um estranho, mas após anos paralisada, ele era o meu passaporte para uma nova vida, e eu não ia deixá-lo escapar.

Nós compartilhamos o mesmo espaço, o mesmo carro, o mesmo quarto de hotel — e ainda assim, éramos estranhos.

Um dia estávamos rindo, no outro, não nos falávamos. Emery estava rodeado por paredes impenetráveis, mas eu queria ultrapassá-las. Descobrir o seu diário mudou tudo.

Eu li seus pensamentos, palavras que não diziam respeito aos olhos de ninguém, e quanto mais eu aprendia sobre ele, mais eu me apaixonava. Nada fazia Emery Reed feliz, e eu queria mudar isso.

Eu ganhei sua confiança violando sua privacidade, e por mais errado que fosse, funcionou — até o momento em que um registro revelou a escuridão que eu nunca soube que existia, um relógio que eu nunca soube que funcionava.

De repente, o que me fazia feliz era salvar Emery de si mesmo. Eu só não sabia se conseguiria.

Peguei On the Way to You para ler no momento exato em que ele chegou no meu Kindle, e não consegui parar de jeito nenhum. Acho que bati meu record de tempo lendo um livro. A história me prendeu de uma forma tão pessoal e profunda que fiquei imersa nesse mundo maravilhoso que Kandi Steiner criou para Emery e Cooper.


Basicamente, a história desses dois personagens baseia-se em uma road trip. Em sua passagem pelo Alabama, Emery Reed conhece Cooper Owens, uma jovem que trabalha em uma lanchonete local, que vive com os pais negligentes e desinteressados pela única filha, e sonha pegar a estrada rumo à Seattle. Cooper passa anos economizando, tentando juntar a grana necessária para começar uma nova vida. Mas é nesse intervalo entre trabalhar e juntar dinheiro que ela percebe estar apenas planejando e nunca agindo de fato. O cenário muda com a chegada de Emery e sua pergunta para lá de desconcertante: "O que te faz feliz?" A partir de então, Cooper se vê questionando tudo e, pega de surpresa, aceita o convite de Emery de cair na estrada. Mesmo sabendo que o rapaz é um estranho, que pode ser tudo, inclusive um serial killer, ela decide que aquela é a sua chance de deixar para trás todo o sofrimento que foi sua vida em Mobile. 

Alabama, Mississipi, Louisiana, Texas, Colorado, Seattle. Entre longas estradas e paisagens de tirar o fôlego, Cooper descobre os prazeres da vida. Vê coisas que nunca imaginou, conhece pessoas que nunca pensou conhecer e lida com situações que nunca considerou se envolver. Mas além de tudo, ela aprende a conviver com Emery, embora não consiga compreendê-lo completamente. Um dia com ele pode ser o mais feliz de sua vida, mas pode se tornar também, o mais triste e silencioso de todos. Viver com ele é estar no meio de dois extremos. É saber que um momento feliz não garante a felicidade do momento seguinte. É ter consciência de que há dias bons e dias ruins, e quando os dias ruins o aflige, nada o faz levantar.

Essa dicotomia inquieta Cooper a ponto de fazê-la violar a privacidade de Emery e ler os pensamentos não ditos que ele compartilha em um diário. O que para ela ajudaria a entender os sentimentos mais profundos e íntimos do rapaz, acaba revelando seus objetivos. Para Emery, Seattle guardava o momento que ele tanto esperava. O ápice de sua vida. A chance de acabar com todos os dias ruins e encontrar a paz que tanto buscava.

Em On the Way to You, Steiner aborda com muito carinho as condições e circunstâncias em que vivem os dois personagens. Com cuidado, delicadeza e uma escrita exemplar, ela nos mostra as dificuldades que é enfrentar uma depressão e sentir que tudo o que você faz não tem valor. Acreditar que tudo o que resta é o desapontamento e a infelicidade. Ela também destaca com muito zelo que é possível encontrar a felicidade mesmo nas limitações. 

Esse livro realmente me tocou. Amei cada capítulo, cada registro em diário, cada personagem. Foi de fato um dos melhores que li este ano.

Para terminar, deixo aqui a pergunta: O que te faz feliz?













Eu a beijei.
Sou um idiota egoísta e eu a beijei.
Ela nunca foi realmente beijada, e parados lá, olhando as montanhas e as estrelas, eu não conseguia parar de olhar seus lábios perfeitos e pensar em como era lamentável que ela nunca tivesse sido beijada. Eu estava pensando em como seus lábios ficariam contra os meus. Imaginando se ela suspiraria e se inclinaria na direção do toque ou se ficaria corada e se afastaria. E ao invés de fazer a coisa certa e manter aqueles pensamentos em minha mente, ao invés de esquecer isso, eu a beijei. 
E agora, eu estou ferrado.

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