Do lado nordeste da cidade existe uma casa. Um dia essa casa já foi mágica, cheia de amor, alegria e planos para o futuro.Entre suas paredes tem muita coisa que me pertence — meus livros, a porcelana de minha mãe, uma bela gaiola que uma vez, abrigou dois pássaros, mas que agora está vazia, assim como eu.E um homem. Um homem que também me pertence. Um homem que eu já não quero mais.
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Um homem que, sem dúvida, não tem dormido, ainda que o sol continue nascendo. Pois, a casa onde ele espera, é a casa onde eu deitava minha cabeça e descansava todas as noites há oito anos. Até ontem à noite.
Quem me conhece, não acreditaria que Charlie Pierce, a garota quieta que gosta de ler, que nunca foi de causar problemas, está deixando a entrada da casa de um homem que não é seu marido.
Mas ninguém me conhece.
Nem eu mesma me conheço. Não mais.
Dizem que existem dois lados para cada história, e eu imagino que na maioria dos casos, isso seja verdade. Mas a história em que vivo? Essa possui três.
Do lado nordeste da cidade existe uma casa.
Que já não é mais um lar.
Kandi Steiner foi um de meus achados de 2017 — o primeiro livro dela que li foi On The Way to You, e quem leu minha resenha sabe que eu amei. Por isso confesso que fiquei super empolgada quando ela anunciou que seu novo trabalho seria uma duologia, ou seja, Kandi Steiner duas vezes em um curto espaço de tempo. GRI-TO! Hahahaha.
Mas o que poucos sabem é que a autora traçou os contornos dessa nova trama com base nas opiniões dos leitores. Ela simplesmente perguntou o que gostaríamos de ler e ver em um romance. Quais tipos de casais e personagens gostaríamos que fossem retratados nas páginas desse livro. Quais características deveriam ser ressaltadas etc. Foi aí que iniciou-se o processo de criação de What He Doesn't Know (livro 1) e What He Always Knew (livro 2).
A resenha de hoje será sobre o primeiro capítulo desse romance contemporâneo que me deixou angustiada, de coração apertado, e confusa por diversas vezes. Primeiro que a sinopse me fez pensar e esperar coisas completamente diferentes. Na minha cabeça a personagem havia simplesmente traído o marido. Cheguei a pensar que seria um enredo parecido com um livro que li há pouco tempo, e isso fez com que eu iniciasse a leitura meio desconfiada. Mas é óbvio que me enganei. Isso sempre acontece quando eu resolvo dar muita confiança para sinopses. Conselho: deixe a sinopse entrar por um ouvido e sair pelo outro. Ela raramente fará diferença na sua vida.
Em What He Doesn't Know somos apresentados a uma professora do jardim de infância e ex-aluna da escola Westchester, Charlie Pierce. Nascida e criada na pequena cidade de Mount Lebanon, Pensilvânia, Charlie é casada com Cameron há oito anos e é filha do dono da principal companhia de energia da região. Gentil e sempre presente na vida daqueles que ela mais ama, Charlie guarda muitas histórias de seu passado pré-Cameron, e de seus anos pós-Cameron.
Faz cinco anos que o casamento deles já não é mais o mesmo, e Charlie percebe isso. Além de não encontrar no olhar de seu marido o homem por quem ela se apaixonou, ela também se dá conta do distanciamento que agora existe entre eles. Cameron já não é mais o homem de antes. Com a cabeça sempre enfiada no trabalho, ele começa a criar obstáculos e desculpas que os separam cada dia mais. São as mudanças em seu comportamento, os deslizes que ele comete, o modo indiferente e constantemente distante como ele se expressa e trata as situações, que faz com que Charlie sinta-se culpada e rejeitada. Essas características de Cameron e sua maneira de agir com relação à sua esposa fez com que eu o detestasse, porque eu comecei a entender o desespero de Charlie ao ver seu casamento indo por água a baixo enquanto seu marido simplesmente não enxergava ou fingia não enxergar os esforços e as tentativas dela de transformar tudo. De fazer com que tudo voltasse a ser como era antes. Eu não suportava mais vê-la tentando e ele nem aí para ela.
Aos poucos percebemos que Charlie começa a desistir. Ela começa a recuar e fica visível que ela não tem mais de onde tirar forças para lutar pelo seu casamento sozinha. E em meio a tanta dor, desespero e incerteza, ela é surpreendida com o retorno de Reese Walker. Ex-vizinho, ex-melhor amigo de seu irmão, ex-amor da adolescência e agora, recém contratado professor de piano da Westchester. Não há nada tão ruim que não possa piorar, não mesmo?
"Por favor, não faça isso." "Fazer o quê?" "Não vá para ele." |
O retorno de Reese não é assim tão ruim. Na verdade, ele só é ruim para Cameron. Reese é maravilhoso. Mesmo agora com 35 anos, ele continua sendo o mesmo cara de quem Charlie se lembra. Foi preciso o seu retorno para Cameron acordar pra vida e ver a merda que ele estava fazendo e o que ele estava prestes a perder. Se eu gostei? EU AMEI, BRASIL.
Como disse anteriormente, eu fui totalmente enganada pela sinopse e levei um tombo quando comecei a entender a história e os personagens. Nesse momento eu fui começando a ficar angustiada, triste com a trama que os envolvia e sem saber o que esperar do final. A partir dos três últimos capítulos do livro eu comecei a ficar estarrecida com a atitude de Cameron. Se antes eu não conseguia digeri-lo, hoje eu não sei de mais nada. Hoje eu quero amar tanto ele quanto Reese, e só quero que ambos sejam felizes, e que um deles pelo amor do SEM OR, faça Charlie feliz. Ela precisa ser feliz, gente. Por favor.
Angustiante, intenso, capaz de promover uma explosão de mil e um sentimentos no leitor, What He Doesn't Know foi muito além do que eu esperava. Ele mostra os três lados de uma história que nos guia por caminhos cobertos de amor, sofrimento, força, paixão, culpa e rejeição. Essas duas últimas palavras carregam o peso da narrativa construída por Steiner.
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• O segundo volume da duologia, What He Always Knew, será lançando em 29 de março;
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