Resenha: Disgrace, Brittainy C. Cherry

28 junho 2018

Todos os dias eu rezava para o meu marido me amar novamente. Depois de quinze anos juntos, ele se afastou de mim e foi para os braços de outra. Eu não sabia como lidar. Eu não sabia o meu valor. Eu não sabia como existir sem ele ao meu lado. Tudo que eu queria era que ele voltasse para mim. Então Jackson Emery apareceu. Era para ser uma distração para minha mente. Uma aventura de verão. Um impulso de confiança para o meu coração machucado. Nós éramos perfeitos um para o outro porque nós dois sabíamos que não duraria. Jackson não acreditava em compromisso e eu não acreditava mais em amor. Ele era muito fechado para mim e eu estava muito quebrada para ele. Tudo estava bem, até que uma noite meu coração pulou uma batida. Eu não esperava que ele me fizesse rir. Me fizesse pensar. Fizesse com que a minha tristeza desaparecesse um pouco. Quando o nosso tempo acabou, meu coração não sabia como ir embora. Todos os dias eu rezava para que meu marido me amasse novamente, ainda que devagar, minhas orações começaram a mudar para o homem que não era certo para mim. Eu rezei por mais um sorriso, mais um beijo, mais uma risada, mais um toque... Eu rezei para ele ser meu. Mesmo sabendo que seu coração não estava destinado a amar.


Eu sei que os livros da Brittainy geralmente fazem os leitores chorarem (eu pelo menos, sempre choro), e com esse não foi diferente. Sei o que você deve estar pensando, já deveríamos estar acostumados em chorar nos livros dela, mas esse livro me surpreendeu, com menos de cinco páginas eu já estava chorando horrores, e não foi uma ou duas lágrimas. A situação estava tão precária que eu não conseguia enxergar o Kindle! É nessa parte do livro que conhecemos Jackson Emery com 10 anos de idade, e Tucker, seu cachorro de estimação. O porquê de eu ter chorado copiosamente? Jackson acaba escutando uma briga entre os seus pais, e escuta a mãe dizer que está indo embora, ele então implora para que a mãe não vá. Diz que será um menino melhor e que fará suas tarefas o melhor que puder. Eu não sou mãe ainda, mas ler isso partiu meu coração.

Depois de me acalmar e parar de chorar, o livro vai para os “dias de hoje” e conhecemos a protagonista, Grace. Sendo muito honesta, ela me irritou profundamente, porque sabe aquela cidadezinha do interior aonde todo mundo conhece todo mundo? Então, o livro se passa em Chester, Georgia, e quando você tiver a oportunidade de ler, você entenderá a minha frustação com relação a Grace. Foi difícil vê-la permitir que todos da cidade desse palpites sobre sua vida
— o  que ela deveria fazer ou não, principalmente a mãe dela (que mulher insuportável). Mas, como qualquer pessoa, chega um momento em sua vida que ela se vê cansada. Grace percebe que não sabe quem é de verdade. Um exemplo bobo que ilustra bem a situação é o filme Uma noiva em fuga com Julia Roberts. Lembra que ela não sabia como gostava que seus ovos fossem preparados? Então, acontece exatamente isso com a Grace. Ela estava tão acostumada em fazer o que os outros queriam que não sabia nem como gostava da própria comida.

Mas voltando ao menino de 10 anos de idade que implorou para a mãe não ir embora, lembra-se dele? Jackson? Pois é, descobrimos que ele se tornou a vergonha da cidade. Todos falam mal dele, dizem que ele é o filho do diabo, um pecado ambulante! Mas as pessoas o julgam pela aparência, pelos erros da sua família no passado e não dão uma oportunidade para que ele mostre quem é de verdade.

Quando Grace e Jackson se conhecem eles são completamente diferentes, mas ao mesmo tempo, ambos possuem algumas coisas em comum como a solidão, culpa e a dor da perda.

Apesar de Disgrace abordar muito a dor e o luto em diferentes aspectos, esse livro é muito mais sobre cura e esperança. Ele serve para mostrar que nem toda verdade é absoluta e que nem sempre o que é certo para alguém é o certo para você. 


Assim como todos os outros livros de Cherry, este me marcou de verdade. A história de Jackson e Grace não é sobre uma clássica obra de amor entre duas pessoas, mas sim, sobre aprender a se amar, respeitar o outro na sua individualidade, e acima de tudo, é sobre nunca julgar o modo como a outra pessoa lida com a perda.


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